Obrigado a você, por acessar o MIXARTES. 

  Minha proposta nessa página da web, é criar um espaço convidativo, como um cantinho de leitura do tipo "Um bom lugar pra ler um livro".  

   Vamos falar um pouco de cinema, livros, artesanato, música e afins. Será um lugar onde você será sempre bem recebido.  É uma honra tê-lo (la) comigo.  

   Um abração.





 Huerdres Silva


 








Total de visitas: 4733
Início

  

 

PENSAR GRANDE E PENSAR LONGE

 

Pensar grande nos remete à ambição, e falo da boa ambição, aquela que nos motiva a continuarmos, apesar de todos os pesares, de todas as lutas do cotidiano. Pensar grande nos dá um horizonte de perspectivas cativantes, e gera em nós uma força propulsora de boas atitudes. E por falar em força propulsora, essa ideia me remete ao despontar de uma paixão, ou mesmo do amor. Refiro-me àquele momento em que o olhar bate no outro e, sem que você possa fazer nada, seu íntimo é invadido por uma onda de sensações; daí o coração começa a bater forte, preparando você para fugir ou enfrentar. E a partir do momento em que você internaliza aquela vida alheia, e a “convida” a fazer parte de seu mundo, o pensar grande revira seu íntimo, todo ele; fazendo a reforma que for necessária para alocar majestosamente aquele novo “inquilino”. Quando um pouco de emoção trabalha jundo com os planos, e você consegue pensar grande numa cadência segura do coração, o horizonte já não será tão somente aquela linha imaginária, mas um vislumbre do porvir. Pensar grande é manter-se focado.

Agora vamos falar um pouco de pensar longe. Você sabia que, pensar num contexto de amplitude, para além das fronteiras de nossa realidade geográfica, ajuda no aprendizado? É isso mesmo. Vou explicar melhor. Na verdade, a ideia central é o deslocamento. Quando viajamos, quando saímos do ninho e conhecemos novos lugares, entramos em contato com novas culturas, nossa percepção se torna mais aguçada, mais permeável; entramos num estado de atenção que nos permite captar melhor o que está ao nosso redor, e o que nos é apresentado. Já se cria antes, e com certeza em nossos dias pela psicologia, que deixar nosso lugar rumo ao longe, e isso está arraigado em nós, com mais ou menos força, graças ao impulso migratório de nossos ancestrais, esse movimento gera transformação e crescimento interior, devido ao contato com o novo, mediante uma melhor dinâmica da vida. Mas, e quando o deslocamento geográfico não é possível, como acontece? O bom disso, é que a viagem abstrata também ajuda no aprendizado. A Universidade de Indiana (EUA), no ano de 2009, realizou uma experiência chefiada por Lile Jia e equipe, onde pegaram três grupos de estudantes de graduação em psicologia, e lhes propuseram uma tarefa. Todos os grupos deveriam apontar o maior número possível de meios de transporte existente. Ao primeiro grupo, foi dito que a pesquisa fora desenvolvida por alunos que estudavam na universidade da Grécia (condição distante); ao segundo, que fora elaborada por alunos da Universidade de Indiana (condição próxima); e ao terceiro, por um grupo de controle (sem referência à origem do teste). Constatou-se que o primeiro grupo, motivado pela referência à distante Grécia, enumerou uma maior gama de possibilidades de deslocamento. Uma outra experiência, em 2012, na Escola de Ciências Psicológicas da Universidade de Tel -Aviv, Israel, seguiu um caminho semelhante ao da Dra. Lile Jia. Comandado pela professora Nira Liberman, uma equipe montou um estudo com crianças de 6 a 9 anos, dividas em dois grupos. O primeiro grupo, observou fotografias de objetos próximos, com os quais temos contatos no dia a dia, como um lápis sobre a mesa, e distantes, como a foto da Via Láctea. O outro grupo fez a mesma observação, só que partindo dos objetos distantes para os mais próximos. Depois, foi-lhes dado objetos comuns, como um clipe, e foi solicitado que dessem um maior número de utilidade àquele objeto. As crianças do primeiro grupo imaginaram um leque de serventia mais amplo para aquele objeto, do que as do segundo grupo. No exemplo de um clipe, Mulher viajantealém da resposta convencional “prender papel”, surgiram ideias como “marcador de livro” e “enfeite de árvore de Natal”. O estudo foi publicado na edição de abril de 2012 do Journal of Experimental Child Psychology, onde a pesquisadora salientou o efeito da distância espacial sobre o desempenho criativo.

É a expansão mental, a dilatação da performance cognitiva diante do espraiamento da visão, da alma, seja geográfica de fato ou abstrata.

Sendo assim, viajemos. Seja no sorriso do outro, nas páginas de um bom livro, naquela oração sincera, ou na paisagem que passa pela janela, acrescentando alguns quilômetros a mais do nosso lar. Que o movimento nos enriqueça, quebre paradigmas e descortine aos nossos olhos, o feliz segredo de mais um dia, com os pés no chão.



Fonte:  Revista Planeta  Edição abril/2013